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Estelionatários fingem ser delegados da Polícia Civil do RS para aplicar golpe dos nudes
Segunda, 23 de Setembro de 2019 às 08:10

Criminosos que aplicam o chamado golpe dos nudes estão usando fotos de delegados da Polícia Civil do RS para extorquir as vítimas. Nesta modalidade de estelionato, perfis falsos de mulheres nas redes sociais adicionam homens — preferencialmente casados — e trocam mensagens e fotos eróticas. Com prints dessas conversas, os golpistas se passam por policiais, ameaçam as vítimas e exigem dinheiro, alegando a existência de suposta investigação por pedofilia.
Também conhecido como “sextorsão”, esse tipo de crime faz vítimas até mesmo fora do país. Foi o que aconteceu com um empresário brasileiro que vive em Roma, na Itália. À reportagem, ele disse que estava sendo extorquido por um delegado do Rio Grande do Sul, depois de ter conhecido uma mulher pela internet.
— No perfil dela no Facebook, existiam fotos. Belíssima, muito elegante. Pela conversa, me mostrava ser adulta — diz o empresário.
Mesmo sem ter enviado fotos eróticas, a vítima disse que passou a ser extorquida. Em um primeiro momento, por um suposto tio da jovem e, depois, por um delegado que seria titular em Lajeado, no Vale do Taquari. O criminoso criou uma conta de WhatsApp e usou uma foto do delegado José Romaci Reis, retirada da internet.
— Fiquei surpreso, porque, na verdade, a gente nunca espera que vai acontecer com a gente, que alguém pegaria minha foto e usaria para cometer golpes. Achei muito estranho. Até porque é muita ousadia de um indivíduo querer dar golpe usando fotos e nomes de outras pessoas — surpreendeu-se o delegado.
A ONG Safernet, especializada em segurança na internet, contabilizou 243 situações de extorsões com uso de fotos eróticas este ano em todo o país. O Rio Grande do Sul é o terceiro Estado em número de casos. Em Osório, um caminhoneiro engrossa a estatística.
Depois de adicionar uma jovem no Facebook — ele diz que costuma aceitar todos os pedidos de amizade na rede social, — o caminhoneiro conta que passou a receber mensagens de um suposto delegado de São Leopoldo que disse estar investigando queixas de parentes da moça. Ela, segundo o suposto policial, seria adolescente.
— Senti pânico. Na hora, a gente chega até a pensar em pagar, até por uma coisa que não fez — conta o caminhoneiro.
Até uma cópia de boletim de ocorrência forjado os criminosos enviaram ao caminhoneiro. Mesmo assim, a vítima decidiu não pagar os R$ 3 mil solicitados pelo suposto delegado. Ao procurar o policial, descobriu a farsa.
— Embora haja um logotipo da Polícia Civil do Rio Grande do Sul fora do padrão oficial, para o leigo que recebe um documento deste é um elemento de convicção de que aquilo procede, de que está sendo procurado pelas autoridades — explica o delegado Eduardo Hartz, de São Leopoldo.
Em Santa Catarina, um funcionário público chegou a depositar R$ 5 mil em uma conta indicada pelo golpista. O estelionatário alegou ser policial civil no Rio Grande do Sul e disse que estaria investigando esquema de pedofilia.
— Fiz o primeiro depósito pra esse (suposto policial) que me ameaçou, de R$ 2 mil. E ele me deu mais dois dias pra eu arrumar mais R$ 3 mil — lembra a vítima.
Com base nos dados da conta bancária na qual o homem fez os depósitos, os policiais chegaram a dois presos que estão na Penitenciária Estadual de Charqueadas. Com eles, a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) apreendeu três telefones celulares e dinheiro.
Para a psicóloga e diretora da ONG Safernet, Juliana Cunha, a exposição a esse tipo de situação gera constrangimento e até quadros de ansiedade, o que faz com que muitas vítimas cedam às ameaças.c
— É um tipo de impacto que ninguém quer, que a família saiba, ou que isso chegue ao trabalho. Então, claro que todo mundo fica receoso e preocupado — afirma a especialista.
A Delegacia de Repressão aos Crimes informáticos da Capital investiga diversos casos e orienta as vítimas desse tipo de extorsão a procurarem as autoridades e não realizarem pagamentos.
Fonte: Gaúcha ZH
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