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Vítima de tentativa de feminicídio desabafa sobre medida protetiva: “Não adianta nada um papel!
Segunda, 28 de Outubro de 2019 às 20:50
Mais um caso de tentativa de feminicídio desperta questionamentos sobre a eficácia do sistema policial e judiciário na região Noroeste. Neste fim de semana o jornalista Luciano Belinaso conversou com Marivani Anchete da Silva, vítima de 33 anos atingida por tiros disparados pelo ex-marido no dia 1º de outubro de 2019, em Catuípe.

Após 27 dias do ocorrido, Marivani afirmou a nossa reportagem que ainda tem pesadelos com o dia em que seu ex-marido tentou matá-la. Segundo a vítima, ela estava sentada no sofá da própria casa quando Edison da Silveira Buzeto entrou e perguntou sobre a filha do casal. Marivani respondeu que a menina estava na escola. Ela relatou ainda que o homem estava com fotos da família na mão.

Quando se virou para pegar o celular e ligar para a polícia, o ex-marido levantou a camiseta e pegou a arma. “Pedi que saísse ou iria chamar a polícia, quando girei meu tronco para pegar o celular, olhei para ele, que ergueu a camiseta, onde estava a arma e começou me atirar. Eu gritei ‘não!’ e me virei, e fiquei quieta. Quando acabaram os disparos ele saiu pela porta da frente correndo” lembrou Marivani.

Lutando pela vida, a jovem gritou por ajuda da prima que mora na mesma residência. “Pedi que me socorresse porque ia morrer!”. Em choque, a prima e vizinhos conseguiram enrolar Marivani em uma manta e levá-la até o hospital. “Eu lembro que gritava de dor, pois parecia que meu corpo estava em chamas. Era horrível! E pedia a Deus que não me deixasse morrer pela minha filha”, relatou Marivani, recordando os momentos de desespero que passou naquela terça-feira.

Segundo ela, o atendimento no hospital foi rápido e muito eficiente. Após o ocorrido, ela agradece pela vida e ainda não sabe como os tiros não atingiram órgãos importantes. “Eu passei muita dor e ainda sinto. Mas agradeço a Deus todos os dias por estar viva. Pois como os médicos mesmo falaram, nem eles entendem como não perfurou nem um órgão, não precisei de sangue, nada.” contou Marivani.

Passado quase um mês do crime, Marivani relata que já havia feito diversos boletins de ocorrência e que tinha medida protetiva para que o ex-marido Edison da Silveira Buzeto não se aproximasse dela. Indignada, ela desabafou: “Não era para se aproximar 100 metros e ele me atirou em menos de 2 metros. Não adianta nada um papel!”. O caso de Marivani reascende um antigo debate acerca da lei Maria da Penha e do papel dos órgãos de segurança em relação a crimes de violência contra a mulher. Até que ponto uma medida protetiva é eficaz e impede a ação de homens obstinados em matar?

 
Fonte: Rádio Progresso de Ijuí
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