O ciclone extratropical previsto para esta semana no Rio Grande do Sul não deve ser semelhante ao fenômeno que atingiu diferentes municípios gaúchos em 16 de junho, causando mortes e estragos. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quarta-feira (5), o meteorologista Marcelo Schneider, coordenador do 8º Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), tratou de tranquilizar a população, que já teme os efeitos desse novo evento.

Schneider destacou que o ciclone extratropical de junho trouxe um volume de água extraordinário e recorde, com registros entre 200mm e 250mm em apenas 24 horas. Para o fenômeno desta semana, espera-se uma situação bem diferente. De toda forma, o evento trará ventos e acumulados de chuva de até 100mm entre sexta-feira (7) e sábado (8).

— A partir da madrugada de sexta já tem chuva mais forte nessa parte mais central e noroeste do Estado. Para a região da Grande Porto Alegre, arredores de Camaquã, região de Bagé e Pinheiro Machado, a chuva vai apertar no final da tarde de sexta e principalmente à noite e na madrugada de sábado — explicou o meteorologista.

A previsão é de que o tempo mude já na quinta-feira (6), entre tarde e noite, com a chegada de uma frente fria de intensidade fraca. No final do dia, podem ser registrados ventos de 40 km/h a 60 km/h, ainda sem influência do ciclone. As rajadas se intensificarão por conta do fenômeno somente na madrugada de sábado, permanecendo no decorrer de todo o dia, no litoral gaúcho.

— Diferentemente do último evento, esse vai se afastar rapidamente para o oceano. O grande problema do último é que ele ficou estacionário por várias horas, provocando chuva não só no Litoral. Para o fenômeno desta semana, estamos contabilizando no momento uma previsão de total de chuva próxima dos 100mm. Vamos trabalhar com esse valor, de 70mm a 100mm, que é um valor elevado — disse Schneider.

Conforme o meteorologista, a chuva deve ir do noroeste do Estado, Santa Rosa, até Santa Maria, avançando para o Leste, em direção a Porto Alegre. Camaquã e Pelotas, na Região Sul, também terão chuvas significativas. Em Porto Alegre, Campo Bom, Torres, Osório e Tramandaí, os valores ficarão entre 80m e 100mm nos dois dias.

O Inmet colocará inicialmente, durante o dia, um aviso de nível amarelo, que é referente a um volume de até 50mm. É provável que até o final de sexta-feira esse alerta se estenda para o nível laranja, que vai até 100mm. Se houver alguma mudança, o nível subirá, apontou Schneider.

Durante a entrevista, o especialista também ressaltou que o Inmet cuida da previsão do tempo e dos avisos e alertas meteorológicos, e que, ao verificar alguma situação de anormalidade, entra em contato imediatamente com a Defesa Civil Nacional, que aciona as regionais. O Rio Grande do Sul, enfatizou, está muito bem alinhado não só com a Defesa Civil, mas também com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema). Conforme o meteorologista, todos os órgãos responsáveis estão muito atentos a esse novo ciclone:

— Tudo vai depender desse volume previsto e, especialmente, do período em que ocorre a chuva. Quando é uma chuva mais prolongada, de dois, três dias, 100mm e 150mm podem causar algum transtorno, mas nada comparável ao que ocorreu no ciclone passado. No momento, todos os modelos que nós consultamos, todas as previsões que temos disponíveis, mostram isso. Então, tranquilizando a população: tem um evento de chuva, sim, é para ficarmos atentos, mas, no momento, ele não se assemelha ao evento anterior.