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Cidade do RS aparece como 6ª cidade mais violenta do Brasil
Quarta, 07 de Agosto de 2019 às 08:40
Mais dados do Atlas da Violência 2019 foram divulgados neste começo de semana, desta vez sobre os municípios. Entre os mais violentos do Brasil, Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre, aparece em sexto lugar. É a única cidade gaúcha entre 20 listados no estudo.

A pesquisa é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública segue padrão internacional.

Os dados analisados são de 2015 a 2017. Abaixo, veja os 10 municípios mais violentos.

Maracanaú (CE)
população em 2017: 24.804
taxa de homicídios: 145,7 (a cada 100 mil habitantes)
Altamira (PA)
população em 2017: 111.435
taxa de homicídios: 133,7 (a cada 100 mil habitantes)
São Gonçalo do Amarante (RN)
população em 2017: 01.492
taxa de homicídios: 131,2 (a cada 100 mil habitantes)
Simões Filho (BA)
população em 2017: 36.050
taxa de homicídios: 119,9 (a cada 100 mil habitantes)
Queimados (RJ)
população em 2017: 45.386
taxa de homicídios: 115,6 (a cada 100 mil habitantes)
Alvorada (RS)
população em 2017: 208.177
taxa de homicídios: 112,6 (a cada 100 mil habitantes)
Porto Seguro (BA)
população em 2017: 149.324
taxa de homicídios: 101,6 (a cada 100 mil habitantes)
Marituba (PA)
população em 2017: 127.858
taxa de homicídios: 100,1 (a cada 100 mil habitantes)
Lauro de Freitas (BA)
população em 2017: 197.636
taxa de homicídios: 99 (a cada 100 mil habitantes)
Camaçari (BA)
população em 2017: 296.893
taxa de homicídios: 98,1 (a cada 100 mil habitantes)

Na lista das 20 cidades mais pacíficas, não consta nenhuma cidade gaúcha.

Entre as capitais mais violentas, Porto Alegre aparece na 12ª posição, com 47 homicídios a cada 100 mil habitantes em 2017. O topo da lista é ocupado por Fortaleza, no Ceará.

Índices criminais apresentam queda no RS, diz SSP

A Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, por meio de nota, diz que os dados de 2017 “já não refletem a realidade”.

“Alvorada está entre as cidades que vêm apresentando queda nos índices de violência, como mostram os indicadores do Observatório da Secretaria de Segurança Pública, disponíveis no site da SSP/RS. Às vésperas da divulgação mensal dos dados estatísticos, a SSP registra novamente a tendência de queda nos crimes mais graves”, diz a nota.

Até julho desde ano, segundo os dados, Alvorada registrou 63 casos de homicídios. No ano passado, nos sete primeiros meses, foram 96. Já no ano de 2017, no mesmo período, foram 117 vítimas de homicídio, conforme levantamento da SSP.

“A partir disso, a projeção até o fim do ano é de que a taxa de homicídio por 100 mil habitantes seja de 55,19, contra a de 112,6 registrada em 2017. Queda de 50%”, pontua a nota.

A SSP acrescenta que “as atenções dos serviços de segurança do estado estão totalmente voltadas para as cidades gaúchas que ainda concentram os piores indicadores de criminalidade” e cita o Programa Transversal e Estruturante de Segurança Pública, dentro do projeto RS Seguro, lançado pelo governo.

A secretaria diz que, com base em estudos, 18 municípios foram priorizados para receberam ações estratégicas do RS Seguro, entre eles, Alvorada.

“Além de ações preventivas que passam pelo lazer e educação nas escolas, operações frequentes visam combater o crime usando a integração de forças das polícias. A cidade também recebe neste mês mais policiamento nas ruas. Dos 2 mil novos PMs formados pelo estado, 1.127 soldados estão sendo distribuídos entre os municípios priorizados pelo RS Seguro”, segue a nota.

Prisões

“Alvorada é um município que nos preocupa bastante, mas temos buscado melhorar ainda mais o atendimento lá. O que nos tranquiliza é que estamos no caminho certo”, considera a chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, delegada Nadine Anflor.

Além da queda nos registros de ocorrência, ela comenta que é possível observar um aumento no número de prisões em Alvorada. Somente na Delegacia de Homicídios da cidade foram 47, em 2019.

Assim como em boa parte das cidades gaúchas, é o tráfico de drogas que está por trás dos índices de criminalidade em Alvorada, comenta Nadine. A guerra entre facções é o motivo apontado pela delegada como principal fator para a ocorrência dos homicídios em Alvorada.

Rio Grande do Sul

No período do estudo, a maioria dos municípios gaúchos possuía baixa taxa de letalidade violenta, sendo 6,8 mortes para cada 100 mil habitantes.

Os maiores índices relativos e absolutos de violência letal no estado e concentravam na Região Metropolitana. Além de Alvorada, com taxa de 112,6 a cada 100 mil habitantes, as cidades gaúcha mais violentas, segundo o Atlas, eram Gravataí (60), Viamão (51,6), Porto Alegre (47) e Sapucaia do Sul (40,8).

A conclusão do Atlas da Violência é de que os desafios no campo da segurança pública no Brasil são enormes, mas há mecanismos e políticas para mitigar o problema.

As ações devem passar, conforme o estudo, pelo uso mais inteligente e qualificado do sistema coercitivo para retirar de circulação e levar ao sistema de justiça criminal homicidas contumazes, líderes de facções criminosas, milicianos e criminosos que representam maior risco à sociedade.

O estudo acrescenta que “é urgente repensar a política criminal, bem como o saneamento do sistema de execução penal, sem isso o Estado não conseguirá ter o controle das prisões, fonte dinamizadora das facções criminais e da criminalidade violenta de dentro e fora dos cárceres, conforme nos lembra a mais recente chacina no Centro de Recuperação Regional de Altamira, no sudoeste do Pará, quando 58 pessoas foram assassinadas.”

Maior número de homicídios em 10 anos

Em junho, o Atlas da Violência já havia divulgado dados que davam conta de que o Rio Grande do Sul registrou, em 2017, o maior número de homicídios em 10 anos.

Foram 3.316 registros, com taxa de 29,3 para cada 100 mil habitantes.

O Rio Grande do Sul aparecia como oitavo estado com mais homicídios em 2017, atrás de Bahia (7.487), Rio de Janeiro (6.416), Ceará (5.433), Pernambuco (5.419), São Paulo (4.631) , Pará (4.575) e Minas Gerais (4.299).


 
Fonte: G1/RS (Foto: Giulia Perachi/RBS TV)
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