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Por que crianças e gestantes estão sendo imunizadas antes dos idosos em 2021?
Sexta, 16 de Abril de 2021 às 07:43
Justificativa da mudança está relacionada ao calendário do combate à covid-19.
A pandemia de coronavírus fez com que o cronograma da Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza (gripe) passasse por alterações em 2021. Tradicionalmente, a exemplo de como ocorreu em março do ano passado, a primeira etapa da campanha prioriza a vacinação de idosos e profissionais da saúde. Mas, em 2021, a fase inicial de aplicações contra a gripe na rede pública de saúde, que começou na segunda-feira (12), não contempla indivíduos com 60 anos ou mais.


O grupo prioritário para vacinação até 10 de maio é composto por crianças acima dos seis meses e com menos de seis anos (cinco anos, 11 meses e 29 dias), gestantes e puérperas (mulheres até 45 dias após o parto), trabalhadores da saúde e povos indígenas, público-alvo que soma cerca de 1,3 milhão de pessoas no Rio Grande do Sul e aproximadamente 220 mil na Capital. A justificativa da mudança está relacionada ao calendário de vacinação contra a covid-19: é preciso haver um intervalo de 14 dias entre a aplicação de doses de vacinas diferentes.


A decisão do Ministério da Saúde de desvincular os grupos prioritários das duas campanhas de vacinação, segundo o infectologista do Hospital Moinhos de Vento Paulo Ernesto Gewehr, é para que a velocidade da vacinação de idosos contra a covid-19 não seja impactada.

— A vacinação da gripe não está começando pela faixa etária acima de 60 anos porque disputaria espaço com a da covid-19, que é a prioridade, no momento. Essas vacinas não podem ser dadas juntas, precisam ter um intervalo mínimo de 14 dias entre elas. Nesse sentido, se a vacinação da gripe começasse pelos idosos, muitos teriam que esperar para fazer a primeira ou segunda dose da vacina contra a covid. E aí perderíamos velocidade na vacinação desse grupo e na contenção da pandemia — afirma.

Intervalo entre doses

De acordo com o infectologista, o respeito ao intervalo de 14 dias entre as aplicações é uma medida prudente porque a ciência ainda carece de informações sobre eficácia e segurança quando há interação entre a vacina da covid-19 e outros imunizantes.

— Até o momento, não foi feito nenhum estudo da vacina da covid-19 sendo coadministrada com outras vacinas. Nesse sentido, sempre há dúvida se a vacina da gripe, ou até mesmo outras, sendo administradas com a do coronavírus, poderiam atrapalhar o funcionamento ou interferir na segurança das vacinas — explica.

Ainda há profissionais da saúde sendo vacinados contra a covid-19 no Estado. De acordo com o coordenador da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, 86% dos profissionais da saúde da Capital já receberam suas doses, mas há, ainda, uma parcela a ser vacinada. Esse grupo prioritário é um exemplo dos que podem ter acesso às duas campanhas de vacinação em curso. Por isso, especialistas reforçam a importância de atentar para os intervalos entre doses.

De acordo com o infectologista do Moinhos de Vento, tomando como exemplo a CoronaVac, cujo intervalo entre doses é de cerca de 28 dias (o imunizante de Oxford, outro utilizado no Brasil, tem separação de 12 semanas entre as injeções), a dinâmica da vacinação pode ficar assim: é feita uma primeira dose de vacina contra a covid-19, espera-se 14 dias, é feita a vacina da gripe, espera-se mais 14 dias, e então é aplicada a segunda de CoronaVac.
Fonte: LETÍCIA PALUDO | GAÚCHA ZH, Foto: Pixabay/Ilustração
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