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Análise: ensaio pré-Libertadores do Flamengo não funciona, e ausência de Arrascaeta é sentida
Sexta, 16 de Abril de 2021 às 04:00
Clássico contra o Vasco expõe novamente falta de uma alternativa para meias titulares
Classificado para a semifinal do Carioca e com uma estreia da Libertadores em poucos dias, o Flamengo tratou abertamente o clássico contra o Vasco como uma espécie de preparação para o duelo com o Velez na próxima terça-feira.

A derrota por 3 a 1, em uma atuação muito abaixo do esperado, vai servir, pelo menos de lição: tanto pelo teste que não funcionou como pelo alerta para o restante da temporada.
Personagem nas horas pré-jogo devido a um imbróglio contratual, Arrascaeta não jogou e abriu espaço para observações de Ceni. Como o técnico montaria o time sem um de seus principais atletas?

A escolha por João Gomes mostrou a confiança do técnico no jovem, mas também escancarou a falta de opções do treinador quando precisa de um substituto à altura para o uruguaio.
Neste teste do Flamengo sem Arrascaeta, Gerson foi o escolhido para atuar mais avançado. Mas a atuação do camisa 8 simbolizou bem o resultado: letárgico, ele pouco tocou na bola no primeiro tempo e pareceu desconfortável atuando nas posições em que precisou jogar: primeiro, na direita, tentando cair para dentro, e depois como ponta na esquerda. Uma furada dentro da área do Vasco resumiu tudo.

Ceni acabou mexendo na estrutura do Flamengo. Para avançar Gerson, acomodou primeiro Everton Ribeiro na esquerda - experimento que não durou mais do que 15 minutos. O Flamengo sofreu com seus dois meias fora de posição e perdeu fluidez ofensiva. Gomes ainda passou a atuar mais à frente, como armador, com Diego como primeiro volante, praticamente num 4-1-3-2, mas também não funcionou.
Vitinho vai bem

O Flamengo só melhorou no segundo tempo, quando Ceni voltou ao básico: Vitinho, o jogador deste elenco mais próximo de poder substituir um dos meias, entrou na função de Arrascaeta. Gerson e Everton voltaram para seus lugares, e o time retomou o volume de jogo de outras partidas.
Não à toa, a equipe finalizou mais, criou algumas boas chances, e Vitinho foi o melhor do time em campo. À medida que o tempo passou, porém, o repertório acabou, e o Flamengo se limitou a cruzamentos. O Vasco teve o mérito de fazer um gol cedo no primeiro tempo, ser muito eficiente nas chances que teve e saber fechar bem os espaços na defesa.

Para o Flamengo, é melhor testar antes e saber o que funciona ou não antes de um jogo de maior importância, como a estreia na Libertadores. A zaga, sem Rodrigo Caio, com Bruno Viana, mostrou insegurança nas poucas estocadas vascaínas e também necessita de atenção.

A questão maior, porém, é a de que o time não tem um substituto confiável para Arrascaeta - muito porque Everton Ribeiro segue em fase ruim. A boa atuação de Vitinho o credencia para uma eventualidade, mas o próprio Rogério Ceni já afirmou que o jogador tem características diferentes.

Em tempos em que Arrascaeta e seu empresário divergem da diretoria quanto a uma renovação, é difícil imaginar o Flamengo sem seu jogador mais criativo. No primeiro teste sem ele, a maior lição foi saber o que não fazer.
Por Felipe Schmidt — Rio de Janeiro,Foto: André Durão
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