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Total de pessoas que desistiram de procurar emprego cresce 60% no primeiro trimestre no RS
Sexta, 04 de Junho de 2021 às 08:03
Para especialistas, pandemia é a maior causa do aumento do número de desalentados no início de 2021.
Cerca de um ano após o coronavírus desembarcar no país, o número de desalentados no Rio Grande do Sul registrou recorde no primeiro trimestre deste ano. De janeiro a março, cresceu em 60,56% o contingente de pessoas que gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar emprego por falta de esperança de encontrar vagas, na comparação com o mesmo período de 2020.

No primeiro trimestre de 2021, 114 mil pessoas estavam nessa condição no Estado, 43 mil a mais do que nos três primeiros meses de 2020, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O coordenador da pesquisa no Estado, Walter Paulo de Sousa Rodrigues, afirma que o primeiro trimestre do ano costuma ter uma desmobilização do mercado de trabalho, o que aumenta a incerteza das pessoas fora da força de emprego. No entanto, destaca que os efeitos da pandemia acabam aumentando esse contingente:

— Empiricamente as pessoas já têm essa noção de que o primeiro trimestre tem menos oferta de emprego. Não é um trimestre muito bom para a procura de trabalho. Com o cenário da pandemia se agravando, essa situação fica pior.

O economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS Ely José de Mattos reforça que a elevação no número de desalentados no Estado ocorre diante de uma série de fatores e é impulsionada pela crise sanitária:

— A questão do desalentado é particularmente significativa no contexto de pandemia, porque há uma série de fatores adicionais que ajudam a explicar a pessoa simplesmente desistir de procurar emprego, seja porque está em grupo de risco e não vai, desiste de buscar empregos que sejam adequados ou pela idade. Tem vários elementos.

O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Oscar Frank, afirma que a taxa de desalentados costuma crescer em níveis maiores em períodos de crise. Ou seja, essa parcela da população acaba inflando diante das incertezas no mercado de trabalho em momentos de instabilidade econômica.

— Se a gente olhar para a série histórica, dá para perceber também o que aconteceu no período da grande recessão de 2015, 2016. O desalento também subiu de maneira significativa. Então, existe uma relação entre períodos recessivos, de encolhimento da atividade econômica com o aumento do desalento — observa Frank.

A PNADC também mostrou que o Estado registrou 526 mil pessoas desocupadas no primeiro trimestre de 2021, crescimento de 4,36% em relação ao mesmo período do ano passado. Já o total de ocupados ficou em 5,19 milhões — recuo de 6,9%.
Fonte: ANDERSON AIRES | GAÚCHA ZH, Foto: Pixabay | Reprodução
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